Câmara realiza Sessão Solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher

por editor publicado 16/03/2022 14h55, última modificação 16/03/2022 15h02
Nove mulheres de destaque na sociedade lagopratense foram homenageadas pela Câmara com a entrega da medalha de honra “Osmari Clarinda de Oliveira”.

Na noite da última sexta-feira (11), a Câmara Municipal de Lagoa da Prata realizou Sessão Solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Nove mulheres que são de destaque na sociedade lagopratense foram homenageadas com a entrega da medalha de honra “Osmari Clarinda de Oliveira”, criada por meio da Resolução 495/2005.
Ao som da musicalidade do Grupo ACADELP em Seresta, o evento aconteceu no Plenário João Rocha de Oliveira e contou com a presença de autoridades, parlamentares e convidados.
Mulheres que se destacaram no município tiveram suas trajetórias de vida relatadas e reverenciadas pelos representantes do Legislativo Municipal.
A sessão foi presidida pela vereadora Caroline de Carvalho Castro, e contou ainda com os seguintes vereadores: Hermano Drummond - vice-presidente; Sônia Antônia Dias Tavares - 1ª Secretária; Elisandra Maria Miranda Silva – 2ª Secretária; Antônio Justino Filho; José Carlos Bernardo; Leandro Bibiano do Carmo; Waldecir Cândido da Silva e Washington Felipe Vidal Bento. Presentes ainda no Plenário o Prefeito Di-Gianne Nunes, o vice-prefeito, Joanes Bosco e a senhora Marian Fátima de Oliveira Chagas, representando a família de Osmari Clarinda de Oliveira.
A presidente fez os procedimentos regimentais de abertura da sessão solene e, em discurso, destacou a importância do dia 8 de março enfatizando a trajetória de Osmari na luta pelos direitos sociais dos menos favorecidos.
Representando as homenageadas, a oradora Luciana da Silva Dôco agradeceu a honraria feminina concedida pela Câmara, destacando a importância da data e a história de vida de cada mulher homenageada.
 
Mulheres Homenageadas

• Fátima das Graças César

• Margarete Borges de Lacerda Dias

• Luciana da Silva Dôco

• Lourdes Borges Modesto Dias

• Clotilde Maria Ferreira Rezende

• Dolores Conceição Lopes

• Jurani Maria da Silva

• Rosarinha Paulino

• Vera Lúcia de Oliveira Melo

Confira o evento na íntegra no nosso Canal do Youtube

Osmari Clarinda de Oliveira

Osmari Clarinda de Oliveira, nasceu em Lagoa da Prata aos 26 de janeiro de 1957. Terceira filha do casal Osmar de Oliveira e Lúdia Maria de Oliveira, Osmari sempre teve uma personalidade diferente.
As ideias que tinha, os livros que lia, os poemas que escrevia sempre eram voltados para o questionamento da desigualdade social, da injustiça e da opressão política, que era muito forte na época em que viveu.
Idealista, sonhava ter poder algum dia para diminuir a distância que havia entre os mais ricos e os mais pobres, lutar pelas necessidades básicas e pelos direitos dos trabalhadores. Descobriu que sozinha jamais avançaria na sua luta.
Então começou a participar dos movimentos sociais e comunidades de base para conscientizar as pessoas de seus direitos. Participou de movimentos religiosos e trabalhistas, como a greve dos canavieiros, uma bandeira em defesa das mulheres canavieiras, que espalhadas pelas quadras de cana, defendiam o pão de cada dia com a foice e o facão, sem o mínimo de segurança e dignidade.
Sempre lutou pela consciência cidadã e política do povo de nossa cidade, e em busca de uma politização verdadeira, iniciou sua trajetória política com a criação do Partido dos Trabalhadores.
Reconhecida pela política da época como opositora forte, foi duramente perseguida no seu cargo de funcionária pública da Prefeitura Municipal, onde ocupava o cargo de chefe do cadastro. Foi desviada de sua função para a sala do arquivo morto e outras seções totalmente incompatíveis com o seu cargo, mas em todos atuou com compromisso e dignidade.
Na Câmara Municipal, participou da elaboração da Lei Orgânica, a pedido do então secretário, Antônio de Pádua Lima Sampaio. Ficou à disposição do Juiz da Comarca e mais tarde foi designada para auxiliar no Posto de Saúde.
Foi justamente nessa área que a sua indignação com a indiferença e o descaso com os mais pobres fortaleceram a sua revolta contra o poder. Interferia todas as vezes que percebia a negligência num tratamento ou um atendimento em desacordo com os direitos daqueles que ali buscavam socorro para sua doença ou dor. Foi justamente a sua postura em defesa dos mais fracos e oprimidos que fizeram com que uma das Unidades das Policlínicas de nossa cidade a homenageasse com o seu nome.
Foi vendo o sofrimento das pessoas e sofrendo a consequência das perseguições políticas que fizeram com que ela definhasse e viesse a ter um AVC aos 34 anos de idade, vindo a falecer poucos dias depois.
As pessoas que conviveram com ela e que conheceram seus sonhos sabem do seu idealismo, da sua sede de justiça e da sua coragem em enfrentar aqueles que abusavam do poder ou manipulavam os mais humildes. De sua luta, muitas sementes brotaram para que a política em nossa cidade saísse da eterna sucessão da direita e procurasse uma nova via, onde a politização de nossa gente aconteceu de verdade.
No fragmento do livro publicado após a sua morte, “O meu braço”, é possível ver a alma guerreira dessa mulher, que como muitas outras de nossa cidade, mudaram a história de nosso povo.

Clique aqui e vejas as fotos.